Para o ignorante,
a velhice é o inverno da vida.
Para o sábio,
é a época da colheita.
Talmude
O poema que se segue me fez voltar ao tempo e refletir profundamente sobre o final de nossas vidas.
Quando bem jovem, observava minha avó materna, sem "juízo", sentada numa cadeira de balanço, com o olhar perdido, sendo cuidada pela minha mãe. Eu, na minha ignorância juvenil acreditava que ela não estava mais ali. Que ela não tinha mais o que pensar, pois vítma da doença de alzheime, ela já não falava coisa com coisa. Ou melhor, ela não falava coisa nenhuma.
Confesso que senti muita culpa por ter sido insenssível e não ter aproveitado a oportunidade de perceber aquela velha com sua sabedoria de uma vida inteira. Mas por outro lado agradeço por ter sido tocada e aproveitar esta compreenssão para desfrutar, honrar e celebrar a velhice de minha linda mãe.
A velha rabugenta
Que vêem meus amigos?
Que vêem?
uma velha rabugenta, não muito inteligente
de hábitos incertos,
com seus olhos sonhadores fixos ao longe?
a velha que cospe comida
que não responde ao tentar ser convencida
"De, fazer um pequeno esforço?"
a velha que vocês acreditam
que não se dá conta das coisas que vcs fazem
e que continuadamente perde a sua escova ou o seu sapato?
a velha que contra a vontade, mas humildemente lhes permite
fazer o que queiram, que me banhem e me alimentem
só para o dia passar mais depressa...
É isso que vocês acham? É isso que vocês vêem?
Se assim for, abram os olhos, meus amigos por que isso que vocês vêem não sou eu!
Vou lhes dizer quem sou eu
quando estou sentada aqui, tão tranquila como me ordenam...
Sou uma menina de 10 anos que tem pai e mãe,
irmãos e irmãs que se amam
Sou uma jovenzinha de 16 anos com asas nos pés,
e que sonha encontrar seu amado
Sou uma noiva de 20 anos, que com o corção salta nas lembranças,
quando fiz a promessa de me unir até o fim de meus dias
com o amor de minha vida
Sou ainda a moça com 25 anos, que tem filhos que precisam ser guiados...
Tenho um lugar seguro e feliz!
Sou a mulher com 30 anos, onde os filhos crescem rápido,
e unidos com laços que deveriam durar para sempre...
Quando tenho 40 anos, meus filhos já cresceram
e não estão mais em casa,
mas ao meu lado está o meu marido que me acalanda quando estou triste
Aos 50 anos, mais uma vez, como deixam os bebês,
Meus netos e de novo tenho a alegria das crianças, meus netos queridos junto a mim.
Aos 60 anos, sobre mim, uma nuvem escura
Meu marido está morto! E quando eu olho meu futuro, me arrepio toda de terror
Os meus filhos se foram e já tem seus próprios filhos...
Então eu penso em tudo o que aconteceu e no amor que conheci
Agora eu sou uma velha que cruel é a natureza
a velhice é uma piada, que transforma um ser humano em um alienado.
O corpo murcha, os atrativos e a força desaparecem
Ali, onde uma vez teve um coração, agora há uma pedra
no entanto, nestas ruínas, uma menina de 16 anos ainda está viva!
E meu coração cançado, ainda repleto de sentimentos vivos e conhecidos
Recordo dos dias felizes e tristes
Em meus pensamentos volto a amar e viver meu passado
penso me todos os anos que se foram, ao mesmo tempo poucos
mas que passam muito rápido, e aceito o inevitável...
que nada pode durar para sempre!
Por isso abram o olho e vejam
Diante de vocês não está uma velha mal-humorada
Diante de vocês estou "EU"...
uma menina, uma mulher, uma senhora viva!!!!
E com todos os sentimento de uma vida.